30 de ago. de 2012

O grito

O sol vislumbrou seu grito desesperado
O mesmo sol que esquentava a careca do seu vizinho
Seu grito repetiu-se
Mas continuava mais baixo
Que o barulho de motor dos carros
Pois ainda não eram elétricos

Poderia gritar mais alto
Alguém certamente lhe escutaria
Contudo teve uma ideia melhor
Sussurrou.

28 de ago. de 2012

Dadaísmo?

Apoplexia generalizada
Certamente opcionam
Acontecimentos desintrometidos
Pessoas interessantes
Mostram suas garras não-maternais
Suas mães já não mais lhe carregam
São compelidas pelo desespero
E assim tentam ser tornar
melhores

Embriaguez desumanamente humana
O sono vem e alegra
Tira a vontade de dormir
Encarece o preço da vida
Barateia seu sentido

Sua memória escarnece
Recordações esquecidas
Lembra-se
Agora
Já não é mais o mesmo
Que foi a 5 minutos

Assusta-se
Tão facilmente
Recorre à todos os sentidos
Para nortear somente um
Respire.

26 de ago. de 2012

Sentado

Sentado, encarando seu próprio tédio dia após dia. Sentado, em frente a mesma mesa de madeira, esperando algo lhe comover suficientemente para levantar. Sentado, é assim que passa a vida. Costumava caminhar, correr, pular, sentir, mas um dia ele resolveu sentar e essa foi a pior decisão de sua vida. A primeira vez que sentou, fora  um alívio, sentar desalojou o peso imenso que pensava carregar nos ombros. Porém começou a sentar cada vez mais, inconscientemente. Sentou quando lhe disseram que ele não conseguiria, para se lamentar, sentou quando não conseguiu, para se lamentar, sentou quando pensou nos inúmeros boicotes que ele mesmo se pregava, para se lamentar, sentado estava quando pensou em como seria bom caminhar, sentado ficou quando fora obrigado a levantar. A cada dia que passa, se esquece de como era viver a vida de outra forma, já se conformou que nunca vivera assim, suas lembranças mais marcantes são as que está sentado, ou as fúteis tentativas de se equilibrar de pé. Ainda sim, sonha com o momento em que se levanta, sonha com a possibilidade de não estar preso a esse carcere mental, sonha com a ideia de quebrar essa cadeira, mas para isso precisará desistir de sentar para sempre, e isso não lhe parece possível, pois precisa se tornar outra pessoa para levantar.

25 de ago. de 2012

Di-va-gando

Alcoolicamente
álcool
Alocando o cérebro em sua posição
                                          [allegro
Aloprando com as células nervosas
Alimentando o destemor
Aliviando o horror
Em suas colocações honrosas
Na liberdade da sua língua
No olhar turvo da liberdade
Paixões e saudade
Comemoro a fermentação
A destilação
Comemoro também
Se tudo passar como um tufão
Se correr com o relógio
Se parar para sempre
Ainda assim teremos aproveitado
É a droga de Deus
É a alegria dos comedidos
É a festa dos reacionários
A cantoria dos mudos
A violência dos mansos
Espera tudo
Fique comigo
Faça-me feliz
Sem se importar com o amanhã

21 de ago. de 2012

Posição

Colocaram arroz no meu espaguete
Azeite no meu óleo
Sempre teremos foguetes
E(s)pocando
E(s)tourando
E(x)plodindo
Mesmo que o mesmo 
Continue o mesmo
E o incerto
Se torne duvidoso
Mas
Sempre olharemos pras mesmas estrelas 
Porém
Elas mudam constantemente de posição
Qui-çá
Seja isso que as torne divertidas




19 de ago. de 2012

Visão

Maltratei minha visão embaçada
Aniquilei essa cegueira absurda
Corrigi o olhar dos meus olhos
E vi

Vi pássaros e flores
Vi flores e mais pássaros
Vi árvores centenárias 
Cravando suas raízes profundamente
Vi o fervor, a alegria, a compaixão
Vi a tristeza, o terror, o tédio
Vi o amor
E ele estava em todos os lugares
Fechei os olhos
Entrei fundo na minha mente
E quando reabri os olhos
Vi tudo novamente.

12 de ago. de 2012

Abnegado

Ab-negado
Abnegação
Abnegador
Abdomens
da Abdução
Abraços
Beijos
Para todos.

10 de ago. de 2012

Carta de amor


Seu olhar descarava essa brisa e imaculava nossa mente

Ludibriava os seres que sonhavam longamente com a felicidade momentânea de seu paladar

Suas vestes verdes desse mundo infantil são coroadas de branco pelos apreciadores do seu martírio

Que ateando fogo em seu corpo, rebelam-se contra a opressão dos muros interiores, destruindo a armadura infernal do desgosto

Sonhos revestidos de toques de trombeta angelicais, luas interessantíssimas e pausas para o fogo

Seu beijo nos faz rejuvenescer e ficar na paz, em sintonia com gaia

Irremediavelmente será parte de nossas vidas, ó amada.

7 de ago. de 2012

E assim galgamos as pontes
Subimos os montes
Partimos até o norte
Procurarmos a sorte

Encontramos uma passagem
Enrolada em mais pura magia
Escolhemos a viagem
Nada mais havia

Corremos pelas ruas desertas
Com uma arma na mão
Portas não foram abertas
Mas sem nenhuma razão

A Lua se mostrou
Com suas criaturas, dragões
Até a passagem se fechou
E nunca mais retornou.
 



6 de ago. de 2012

Amanhã teremos a noção dos sorrisos sorridos hoje

Seus dentes mostram-se temivelmente roxos na noite de sábado, seu rosto assumiu a posição de alegria interessante, uma doença viral rara que contraiu. E estava sempre feliz, graças a esse adorável vírus que corria pela suas entranhas. Não era diferente quando solidarizava com o mais belo e um dos mais antigos cultos da humanidade: O culto ao deus Baco. Mas isso era apenas uma distração, afinal, como a pessoa mais feliz do mundo, ele não tinha grandes problemas. Excetuando aqueles delicados momentos em que ele se esquecia de sua doença. Aí então seu rosto se contraía em seriedade e sua mente enegrecia com pesadelos inimagináveis para qualquer outra pessoa. Ele está pra sempre fadado pra felicidade e sabe disso, só não consegue entender como isso pode o deixar triste.
A tristeza feliz
A tristeza triste
A tristeza alegre
A tristeza.

Assassinada periodicamente pelo nosso punhal de alegria momentânea.