31 de dez. de 2013

símboloso

ó grande espelho
explique-me minha essência
no reflexo de meus bigodes
não encontrei grande conselho

apenas cantigas eternas
de mil gracejos sublimes
turbilhões vestem-se de correnteza
há muitos nos alimentamos apenas de mariscos
e grandes tsunamis

Tragam-lhe a faca velada
pelos grandes sábios do mundo
reverenciada. portentoso esplendor
rasgando senhoras feridas
enxurradas de sangue vermelho, altivo
vertendo silenciosa e indefinidamente
o mirrado curativo antigo
lenda, conto, fabula, verdade(?)
daquele que ainda lhe mente.

28 de dez. de 2013

Não reconheço mais as pedras do meu chão
Não morri, nasci novamente
Relâmpagos apagados de sabedoria cubista
minha cabeça me grita absurdos
a sua mente
diferente

Locomotivas se movendo sem fumaça
Corações batendo desritmados
livres relutantes borboleteiam
Só não lhe chamo
pra morar dentro do meu peito
pois comprei o medo
em pesadas prestações

gargalhantes emudecidos
pálidos tiroteios de eternidade
a luz, forte luz, cega-lhe os olhos
tateando na profunda escuridão
com o sol a confundir seus passos.



27 de nov. de 2013

cercas elétricas

leio comprimo
leis ambulantes
ritmos estonteantes
nem me tinha antes
não me tem depois

Grandes paredes grudentas
Grandes placas de pare
Gigantes avisos de feliz natal
Grandes demônios em cima de seus altares
Sorrateiros se escondem
se agigantando.

De um joelho há muito mancas
remando num mar sem peixes
comendo carne de soja
arrotando reforma agrária
pactua-se com a estúpida mentira
sonhando com a verdade
e pra quem diga que tudo é dúbio
eu apresento a liberdade.

Cantigas saem de sua barriga
com um sorriso cheio de dentes
coisa que há muito não é permitida
Bota pra prisão, diz o ladrão
Manda pro manicômio, fala algum louco
Ensine a rezar
e culpe-o por alguma coisa;
decidem os carniceiros.
e seu gado que já ama sua cerca elétrica
geme de alegria.

21 de nov. de 2013

diagólogo

as incríveis mulheres da china
e suas histórias de dormir
aterrorizando pequenos fetos 
esperando ainda na placenta
20 dias sem sol no saara
os fungos já cansaram-se
de tanta umidade.

Queria escrever algo feliz que representasse todo o sorriso para o subnutrido indigente  abraçar seu mundo sem grandes mortes, deitar nessa límpida segurança que nos é oferecido em uma grande bandeja doirada, apenas escambando nosso próprio exemplar, nossa cabeça, nossos braços, nossa mente em troca de uma doce torta de prestígio. A ebulição de nossos seres necessitados de uma continuidade e clamando por uma mudança drástica tornou-se lenta e moral, suas gargalhadas agora devem muito pro desespero. Pesquisas de sondagem tornam-se cada vez mais frequentes, mas a grande guerra continua superficial, a grande estrela queima seu combustível visualizando o fim de leis tão antigas que desdenham em relevância dos pensamentos newtonianos. E o rosto que sorria agora está afogado em lama, pois quando o interior desmorona-se, o desmoronamento ao seu redor pesa-lhe nos ombros, a força necessária pra erguer-los esvai-se, todo o precipício que adentrou no peito enquanto solene e inocente o observava prendeu-se em seu peito e ao ver profundamente, conversa com o fundo que  não vê.

19 de nov. de 2013

sonoros duendes me gritam pelas costas enquanto caminho sossegadamente pela rua

bolhufas de nada giram constantemente sobre o piso quente e negro
olhares vazios em cima de rodas
sentados em grandes sofás
apertando pequenos botões
girando girando girando manivelas

pisando num solo que nada nasce
dito perfeito por ser estéril
as criaturas estão fugindo
escondendo-se dentro de grandes caixas modernas
mortas estão as sementes

vejo o sol pela manhã
zomba de mim por não ter o seu brilho
os gritos inocentes dos pássaros
zombam de mim por não ter sua liberdade
a lua e sua beleza penitente
gargalha dos meus uivos
ao céu estrelado clamo as chagas
libertas do pus, da sujeira e podridão
já rio de mim mesmo
pra não rir em solidão.

12 de nov. de 2013

grande fuga da caverna de platão

cinzeiro cheio de sementes esperando pra nascer
bigornas negras caídas ao lado
grandes poetas revelam sozinhos
profundos e interessantes caminhos
um grande zebedeu machucado
cansado de tanto não entender
grita balbucias entrecortadas
tal qual velhos chapeleiros
viveu demasiadas vidas passadas
e agora reflete solenemente
em seu grande altar marrom

ouça os distantes mugidos
e o que você mesmo diz
desçam dos grandes pedestais
aceitem o heliocentrismo
refutem seu grande pastor
quebre alguma coisa só por quebrar
e não compre outra.
insista pro diabo devolver sua alma
não engula o que lhe faz mal
pare de rezar pro inexorável destino
e faça algo por você
nade contra essa grande correnteza,
e não se esqueça:
esperneie antes de se afogar.

6 de nov. de 2013

borram-se de neve as nuvens do sertão

A fula miranda caiu na ciranda
Quebrou o cangalho, caiu da caranga
Soltou o pirralho pra fugir do perrengue
pulou a fossa derrubou o merengue
roçado o mangue com agente laranja
areias rolando por baixo da luva
terra de casa guardada na canga
ás espremido da manga
mortes contadas, pintadas de chuva
meus mundos inteiros abraçados
pulos em mares verdes agitados
seus olhos marinhos me causam sossego
viva atrás do indefinido apego
Bate as asas com ardor,
seu coração, beija flor.

5 de nov. de 2013

enevoado, sem estrelas

dualidade cortante
o contraste do céu no crepúsculo
o céu ligado com o inferno
coqueiros gigantes que caem
se parecem muito com madeira
mas são água flamejante.
indignações gritantes
reconforto fumacento
o fim do seu tormento
nesse carro, freio abs

quando não passamos de gritos
que estão mais pra sussurros
lamentamos as tenras pitangas
nunca ninguém soltou um grande zurro
mas se pede desculpa por ele.

das lapiseiras que não foram usadas
as provas não preenchidas
não importa pra grandes futuros imperialistas
nunca desistirão até possuírem
sua própria torre de babel
onde poderão gritar suas injúrias
não contra seu deus
mas contra os que lá embaixo perduram

abra bem a boca
solte a língua pra fora
espere pelo grão de açúcar
que o deus rei trará de algum lugar
vai alimentar sua mente pueril
em um sono reconfortante
do qual um dia acordará
enrugado.

31 de out. de 2013

kaminhos

vento torto em seu peito
deixaram suas tralhas jogadas no deserto
só sobrou uma garrafa de rum
e a roupa do seu corpo

Caminhos escuros de piche
retas amarelas você segue
carruagens mecânicas não passam por aqui
só há pastos e mais pastos
vacas e vazio.

e  você vai colhendo
amarelos pequenos gnomos que encontra
azuis roxos do céu de saturno
chapeleiros da vida
tecem e moldam instintivamente
fios e fios na impura cabeça.

sua solidão explicada
pelo mundo e pelo chão
pelo céu e pela poeira
das estrelas explodidas
e sua vida lhe basta
mas não lhe importa.

Corro pra te alcançar
Estou seguindo o vento norte
Tão dentro de mim  mesmo
Que de mim já esqueci.

30 de out. de 2013

laranja

ó laranja da mesma cor
sublime fruta dos campos frios
revestida da mais pura casca
cujos mais inexperientes tiram pedaços
e os espertos grandes elipses
amarga na boca do rei
docemente macia pra um descalço
seu cheiro espalha-se pelos ares
em grandes nuvens cítricas
depositam-se sobre os bigodes
como um grande beijo roubado
pobres são suas sementes
encaram o mundo já conscientemente
do seu destino palpável e cruel
o abandono em uma terra infértil
presas a um mundo infalível
que não as pertence.

derivas paleolítico

sorrisos sortidos aleatórios
jogados sem pressa pelas avenidas
imagens de um grande mundo
quanto mais um homem caminha
maior é o seu universo

Resquícios de uma civilização antiga
incrustados no espíritos jovens
sentimentos paleolíticos astrais:
se for gastar tempo
gaste-o na esbórnia

Sobrevivendo cada soturno dia
atemporalmente
até me convencer que as últimas horas
não serão as de amanhã!

28 de out. de 2013

miragens introspectivas

miragens na esquina do meu submundo
fiquei em casa o dia inteiro
em um molho denso e profundo
escassos caminhos de sombra
chás gelados e sucos naturais
minha vida faz a arte
quando a vida esmorece
a arte murcha vintém.

Meu castelo foi avistado
uma grande redoma de aço
há um ser trancado ali
escondido com as defesas que criou
sua forte armadura, sua defesa armada
feita pra criar fingida paz
em meio a uma chuva de pedras.
As tempestades desanuviam
Mas os fortes criados para resisti-las
Perpetuam.

14 de out. de 2013

passe-me o isqueiro




















um pedido a todos os seres mitológicos:
uni-vos
não dê a césar o que é de césar
e chore pelo leite derramado
Prometa de novo e não cumpra
E sonhe com o novo sonho
E quando o sonho pesa
delo já terá se livrado.

Coturnos com biqueira de papel
Amortecedores sem óleo
secos e pálidos sob o sol escaldante
escorado num canto, olhar viajante
o vetor sentido 
nunca fez-se tão necessário.

Parado constante
Como a chuva caio
Corro deitado rente ao chão
o raio cintilante ainda não caiu nesse lugar
vou guardando todos esses litros de
combustível
só por essa faísca.


8 de out. de 2013

luz

subam que as estrelas subiram o monte
cheias de uma temível soberba
cientes do poder de seu clarão
estelerizando falsos pobres preceitos
levando o ego voar livre
entre vênus e a lua
circundante alma resguardada de luz
trama teias de incógnitas pagãs
para se perguntar o porquê
Galgue seu próprio morro leve estrela
queime seu próprio combustível
E ilumine o certo caminho
Aquele ainda invisível

30 de set. de 2013

estudo caramba
simpático bacana
bobagem pequena
rabugento não quero ser;

humilde gênio
burro inteligente
entende tudo
sábio deixou de ser

sorri as lágrimas
choveu sóis molhados
água potável
não me ofereceram

palavras à deriva
flutuantes informativas
mim não faz nada
no cu não vai acento


Aviso urgente intro-estelar

Saudações inter-mentais do submundo da consciência, relatos indicam que a situação está ficando cada vez mais caótica. Terminais nervosos do sistema gaia estão repletos da mais intensa virose cibernética já relatada pelos pnobres estudiosos do ser interior. Situação está em fase que promete ser inigualavelmente triste para as relações sociais, a vida sorridente e ensolarada e as diversas alegrias de um mundo colorido e repleto de inimagináveis possibilidades na sua luta contra a entropia total. Os filósofos astecas mudos do interior acreditam que há grandessíssimas chances de achar um forte antídoto para esse malefício mortal moral. Mas como sempre eles ainda não tomaram uma decisão que atacasse o cerne do problema, implodindo-o como um forte foguete em um céu de ano novo.

Então  a situação foi contornada espertamente (mentira) por uma decisão extrema e excêntrica que segundo os estudos dos nossos mentores de metafísica é na verdade um caso clínico recém conhecido, chamado de síndrome do # (só há nomes possíveis em línguas indígenas antiquissima, mas o nome que seria cabível não necessariamente significa algo relativo ao relato). Quem a possui espertamente se auto-destrói para se ajudar (?).  Ainda não há uma boa cura para essa virose cibernética, muito menos para a síndrome recém pré-elaborada, o desejo do seu eu em ápice mental será totalmente frustrado a saber no que o eu simples criou. Recomendamos cautela.

22 de set. de 2013

sonetos de calças

Teorizando a manifestação entrópica
De um abstrato caprichoso
treinado e despreparado
para os anseios fictícios
o sonho já não é jocoso
mimimimimi
Parte dois:
meus ouvidos me falam de alegria
mahler mahler destronando
o mal e o bem destoando
o mal inexistindo
o bem também.
- dedicatória:
O choro a vela a paz
o trono o trono o trono
picho pichaveis pichariamos
o tronco a vela o mar
e sua brisa suave
inebriante
fim:
As estrelas que iluminam apenas seu interior
sorrindo desprositalmente
falando por grunir
uivando onomatopéias
as estrelas no escuro, trancadas em uma caixa
inacessíveis ao calor de outros sóis.

19 de set. de 2013

utopia selvagem baseada no nada

resolvido pensar sobre nada
apenas preencher o vazio
com um profundo zero ainda maior
deixar a mente abafada
constante como um grande rio
chamar os amigos pra assistir
a inexistência de algo
mostrar:
olha, olha só, não estou mais pensando em nada
vejam o vazio da minha cabeça
todos se abismarão, assustados
e o nada fará adeptos
poderosos filtros se instalarão
coando a parafernalha informativa
os letreiros coloridos
as propagandas chamativas
e aprenderemos a ler
as árvores, a grama o rio
numa recordação bucólica ancestral
recordando-se
que aprende-se mais num longo diálogo
com um ancestral carvalho
do que uma escarrada verbal
com um raquítico sapiens.

18 de set. de 2013

transmutado em paraíso vivo,
in-útil mas só para mim
tricossomos é uma palavra
realmente complicada.

Trejeitos divinos mortais
humanos vivos cultivados mortos
em grandes potes de conserva
para serem degustados
com salgadinhos.

O ator que me contou
as sutilezas verídicas
de sua bela obra inovadora
estava mentindo
e disso todo mundo sabia.

Apenas mais uma cópia
ou um jogo jogado de palavras usadas
amassadas pintadas rasgadas
numa exaltação incrível
coçando a grande divindade
num êxtase incompatível
negando grande responsabilidade
com o leme solto ao vento
e as velas abaixadas.


15 de set. de 2013

horario politico do futuro proximo:

Eu vou  me eleger
Em defesa dos duendes
Em defesa dos coiotes
em defesa dos mais puros
seres mitológicos
Em defesa dos moradores da colmeia
Em defesa dos cachorros
em defesa da criação do
sindicato dos piratas
e até dos velhos senhores
que vão na praça jogar canastra
e criam barbas e mundos distintos
iremos criar um mundo
onde nós possamos ser verdes
ou vermelhos, amarelos
e defendo acima de tudo
a libertação
Dos espíritos
de mente livre, livre, livre.

11 de set. de 2013

Verborragia burocrática concebida eloquentemente visando exatamente alguma coisa essencial

nos porões do abstratismo
comprei 3 velas de cera
que queimam com uma chama invisível
aquecem resfriando
e esfriando se derretem
Pelo cheiro, pelo gosto pela força
do fogo fáctuo cuspido
por grupos de babuínos humanos
que controlam e atiçam
abrigam e reproduzem avidamente
formas de pensar assaz
acorrentadas.

E eu ainda me pergunto
Como minha vela
Se tornou política
Grita e esperneia
Em cima do palanque
Sem saber que nunca ouve
Atenção, (!)
às suas vãs palavras

8 de set. de 2013

Devaneio em aspiral: Soluços pensantes

a história de algo
que quebrou-se desigualmente
e promoveu uma chacina de milhões
contada nas melhores ciclovias
resfriadas teleguiadas televisionadas
do intrépido direito futuro
nosso mundo huxleyano
carrapatos sugando
outros carrapatos
venenos sólidos bacanas
pro pobre sugador pensar:
como seria ruim não pensar
seu raciocínio perneta
televisionado teleguiado conectado
um dia deitado descobre:
Levantar toneladas
para joga-las distante
é humanamente impossível!
o segundo sapiens
do nome mais indelével
significa:
moral.

A poesia não tem outra utilidade senão ela mesma

Granito sob um céu azul
queimadura de 2 grau
em seu braço esquerdo
hordas de floyds cantam
solenemente suspiram profundo
cantam aos ares com ganância
ganância de cantar mais.

lentamente, Lendo-me
embranqueço, começo a apagar
sumo em um ponto
uma névoa cinza tal fumaça
representando meu puro eu
eu lido, eu lirio, eu lírico
O lírio eu trouxe especialmente;
e assim vivo empírico
deveras assim, mentalmente.
Sonhando alto baixo e torto
até quando morto
faço-me desanuviar.

5 de set. de 2013

Silenciosamente barulhento

Ensurdecedor barulho sempre foi o silêncio
um só pensar constante e cristalino
proporcionado pelo pio constante do nada
mas eu não tenho silêncio
nunca tive silêncio
há sempre um mundo palpitando
energias indefinidamente
se dividindo e espalhando
eu sou o tudo
Tudo não se difere de mim
Por isso não sinto
constante não sentir sonoro
sou apenas mais um grito torto
Um rouco assobio
participando avidamente
desse coral absurdo
vestido de motores e zumbidos
grunidos com simbologias especiais
para os únicos preocupados
desse mundo anil
poderem se entender.

Brincando com utopias
sonhos esquerdos e livres
silencio e liberdade de bagulho
muito barulho
os dedos gritando livremente
a mente bravando bravamente
enquanto abraça as vanguardas
que gritam
para poderem calmamente 
silenciar.

28 de ago. de 2013

acostumados

Sigo na minha inocência
fingida
descarada
hipócrita
vivendo ideais já mortos
deixando de viver
pelo simples medo
do sabor do medo.

o passo para o voo
nunca foi dado
virei homem sintético
agraciado pelo prazer
de mentira
pelo gosto
da mentira

Embolotando, apenas assisto
a realidade se emoldurando
a vida fazendo-se em quadros
a mais extasiante obra de arte
em grandes e gigantescos frames
pendurada em uma parede
intocável em seu destino.

Não
não!
não me permito desistir
simplesmente assim
mas a esperança
só não morre
por já estar velha demais.

20 de ago. de 2013

pedido de salvamento

Poesias gritadas duas vezes
em cubículos de plastico
em murmuros eternos
em quadros brancos
brancos

Filas kilométricas no meio de mesas cheias de humanos
luzes acesas
novas luzes queimadas
o mesmo do mesmo
dado como novo

Determinação
Tentativa
Desapego
Desistência

Desliguem meu piloto automático
desliguem-me do sistema
me ajude
para começar a viver
tenho que destruir um mundo.

18 de ago. de 2013

culto novo

Coloco meu dedo 
lá no fundo do nariz
e com dificuldade, usando minha unha
tiro um grande pedaço
um material informe
amarelado e negro
Analisando atentamente
acho até detalhes em verde
grande obra
digna de salões brancos e estéreis
seu colorido espectral
junto com sua aparência pastosa
causariam admiração e comoção
nas almas sensitivas da arte 
holofotes gigantes iluminando
lugar cativo ao lado de rodin
fama e fortuna eternas
ao grande nariz criador
serei honrado abraçado bajulado
estudado
meu nome figurará
nos livros de história
"o nariz que comoveu o mundo''
e o culto à escatologia
se tornará mundial.

4 de ago. de 2013

caos zero

Permanentemente
escanteando as esperanças
ao andar na rua
e ver o rosto das pessoas 
vazios.
é só assim
que conseguem flutuar
por esse mundo afogado

3 de ago. de 2013

Fraco pra ser fraco

Transformados em pedras humanas
estáticas pilastras de ferro
cobertas de panos brancos
de vergonha
sem vergonha

Trajetos humanos traçados
no piche negro, no asfalto quente
não vá pela sombra
não caminhe pela luz

Amoleça
a força
a força do seu peito
amoleça
pereça
para então
sair vitorioso
como eles pregam.

26 de jul. de 2013

Pré-feito

Inexoravelmente
as portas se abrem
e do mundo entende-se
alguns segundos a mais
a realidade crua nua
bate forte corte

Mas, sem mais palavras
de ordem
recito minha preocupação
com a indisposição enraizada
com a fuga programada
com o mundo antecipado

Refuto inclusive
essa tela quadrada
seu poder imperante
sobre os repteis
encardidos pelo toque
de uma glândula qualquer.

É impossível proclamar
coloridos poemas frondosos
com tanto mandado
de um grilho faminto
vou plantar
essa tal de imprevisão
e nadar entre ondas
ondas livres de mim.

23 de jul. de 2013

humanidade

os desejos são iguais
os sonhos são iguais
as ilusões são iguais
os pensamentos são iguais
ideologias são iguais
suas roupas são iguais
comportamentos, iguais
suas verdades são iguais
suas paixões são iguais
mas o pôr do sol
sempre será diferente
o animal mais evoluído do mundo
nunca será a formiga.

6 de jul. de 2013

Barulhos do mato

Os uivos dos lobos agitaram José
O Vigia que trabalhava por ali
Vigiando um grande pasto verde
Rodeado por uma floresta densa.
Com os latidos dos cães era bem
acostumado
Mas quando os lobos começaram a uivar
Realmente não soube o que fazer
Tinha planejado todos os momentos
De sua longa vigia
E os uivos lupinos eram totalmente
inesperados.
Sua mente ordenava,
Que ele tomasse alguma atitude
Referente à esses uivos vizinhos
Mas seu corpo tremia,
Sua pele eriçava de medo
Um vigia com as pernas tremendo
Isso o incomodava
sua própria indecisão e impotência
Inebriava sua mente.
Louco varrido
Ficou após algumas semanas
Irreconhecível na sua natureza de vigia
Até que um derradeiro dia
Após muito passar tormento
e dos lobos se sentir escravo
O vigia num grande ato
Largou seu posto no verde pasto
Adentrou à escura floresta
E, na floresta densa e quente
Os uivos dos lobos simplesmente
pararam de incomodar
ele deixou de ser vigia
E nas árvores passou a morar
Dos lobos virou amigo
era uma nova vida a respirar
E quando achou tudo perfeito
Eis que eles escuta
O trinido irritante de um grilo...

3 de jul. de 2013

Geleia Geral

 ou O Grandioso Encontro com as Sementes:

iludindo-me com a guitarra elétrica
e assoprando uma gaita
vermelha
ou verde
os brilhos não reluzem
em conformidade
com as ondas de luz
mas sinto
a energia transpassando por mim
em lampejos de sapiência divina.
os divinos ancestrais
abençoam minha aura
elevam meu espírito
numa turbe de vento
que me joga numa nuvem
diferente dessa aqui.

1 de jul. de 2013

frio

Cruel
Vil
Sôfrego respirar
choro
frio 
desapego
de si mesmo
jaulas
preso por um fio
que sigo
com orgulho
falso
fajuto 
fuga!
fuja,
fuja!

29 de jun. de 2013

Claro como o ar

caminhos escuros
cheios de farpa
escoo sozinho solto no mar
azul escuro profundo
e o copo na minha mão
é branco translúcido
e gelado.

27 de jun. de 2013

Hoje, amanhã e depois

Meu parapeito está sujo
De terra e cinza molhada
minha tosse surda canta
Em ressalvas destonantes
na janta comi miojo
de almoço duas alfaces

O sol, brilho reluzente
escondido pela chuva
seu sorriso sorridente
com cáries gigantescas
iluminando um povo descrente
em nossas explicações dantescas

E as árvores
Que sob essa luz brotam
São ocas, risonhas e livres
Nascem em mentes férteis
nos verdejantes cérebros humanos
Mas, não fazem fotossíntese
alimentam-se
de ilusões.

22 de jun. de 2013

baravida

Entro com a garrafa de bebida
Enrustida no casaco
a vida merece o bar,
o bar a vida.

19 de jun. de 2013

sistema

Desejos crus
guiados por uma mente viciada
o espírito nu
envergonhado
frente às possibilidades
semelhantes dia após dia
A mente não obedece mais
A mente não obedece mais
Você foi controlado
Ingira seu soma
Embriague-se com desenganos
Veja pela venda escura
O sol claro que bate em teu rosto
Esbofeteiam-lhe a cara
seguidas e seguidas vezes
você é apenas um animal
deves aprender a apanhar,
e sorrir.

14 de jun. de 2013

Sede de mato

Poetizado
Politizado
Polinizado
Espanhas de pura flores
Tragédias de pequenos ingleses
uma frança de puro amores
casa dos maiores burgueses
Barbudos e cheios de farpa
Essa farsa que nos é dirigida
Do mundo como conhecemos
É bem aquém da real vida
Escoe pelo muro da verdade
caindo no abismo do bueiro
Cuide do seu terreiro
Cerque-o da cidade
Pois o mato do mato é
e não precisa de rede
pra quem tem sede
do mato no mato ser.

7 de jun. de 2013

Quando eu chegar das estrelas

Force o charme do charque
Socorro a censura acabou
Loiros negros andando
Pelos lados da tecnológica
sorria traga e tosse
quem trouxe a trouxa do nobre
receberá um xelim de esperança

Amarrem a sarna
Arrolhem a garrafa de canha
Estude o lixo e o esgoto
Pra saber onde findar
Sem mais sôfrego itinerante
E gemidos de ai ui
Uivos de lobo à lua,
tucanos a cantar melodia:
jogue a pilha no lixo certo
não no orgânico,
nem no reciclável.

Subirei aquela montanha
Usando apenas os pés
As mãos deixarei na entrada
Junto com a copa das árvores.

5 de jun. de 2013

The Brave


Existia certamente
Um grande herói corajoso
Quebrador de trincheiras
Tão poderoso como Hércules
e destemido como Ícaro
Conhecido por trucidar
As piores feras
Do seu país medieval
Salvava donzelas de castelos
E amigos de dragões
Nas grandes selvas sentia-se livre
O chão sob seus pés
Parecia lhe pertencer
Uma existência sem medo
Não existia temor
E tremor nenhum 
conheceu seu dorso.
Vencia
Como se precisasse só do olhar
As barreiras
Que contrastavam-se contra ele
eram moldadas de papel
Tal espécime reluzente existiu
Será eterna na mente de todos
Mas daqui nunca vai sair.

3 de jun. de 2013

Retalhado

Reles espírito ralado
Comprimido e amassado
pelos caninos do mestre:
Retalhado

Sua doce alegria
É saber que quando foi engolido
Na traqueia entalou
Afogou o deglutidor
Que tossindo sentiu a vida
esvair pela gula

Um medo sonoro
Dois casos perdidos
Três últimos minutos
De um contador desesperado
Que não conhecia o zero
Só tinha 9 dedos.

25 de mai. de 2013

San Quentin em A4

O dia em que comecei a escrever
e não parei mais
como uma manhã turbulenta
desentendida por si própria
perfeita para duas cervejas geladas
mas moldada para o cru inferno
A prisão de papel
números e absurdamentos,
embrutecido
com o olhar direcionado
tal cavalo de padeiro
esqueço minhas fórmulas
esqueço meu alcool
as duas da manhã
O sono ainda não domina
os presidiários trancafiados
que jogam todas as forças
em uma folha de papel

24 de mai. de 2013

O desabafo de um gráfico

Numa espiral tubulosa
às margens de um rio de pedra
com movimentos senoidais
automáticos 
Sentado,
mas com a mente de pé
sobrevoando oceanos de pura clareza
e noites frias como o escuro

Entre em seu próprio reino
Ocupe seu trono cigano
Os convidados já foram chamados
O Encontro das Retas Paralelas
não vai tardar!

19 de mai. de 2013

Rio Seco

Vinho alimenta a obra
Desce em rios roxos
Secos, nunca suaves
e no profundo embriagar
desse remédio terreno;
a mente adentra
no reino da utopia
és um mercenário
pago em moedas de uva
Filho idolatrado de Baco
recebe todas tuas bençãos
e 500 dias de glória
A disputa é desfavorável
à nós pequenos humanos
que ao tentar barrar
a indomável torrente
com o que nos resta
Somos levados pela corrente
até o além mar.

15 de mai. de 2013

Música Popular Brasileira

Corpos mirrados
Sedentos de vida
Cadeiras pequenas
coração do brasil
andorinha vermelha
pássaro anil
Ao toque do bumbo
Perdi o meu trem
Que apitou no ponto
Mas ninguém viu

13 de mai. de 2013

A corriqueira divina comédia

Trancado no meu quarto
Fedendo a abacaxi
Comprei um celular novo
Mas não penso em ninguém interessante
pra ligar
Confiro uma loteria velha
esquecida há muito tempo
Desisto pra sempre de apostar
A torneira pinga na cozinha
pingos pingos pingos
caindo sem discriminação
molhando os pratos sujos
que um dia vou lavar
Leio livros velhos
com grandes palavras difíceis
céu e inferno não me pertencem
Sobrevivo ao purgatório
dos dias
demais normais

10 de mai. de 2013

A história do bule de chá que perguntou demais para um homem

E, com um olhar de pesar estampado na feição, desdobrando-se em intermináveis trilhos feitos do mais puro e bem forjado tédio. Vagando em um caminho trilhado pelo acaso, avistou saindo de seu armário um grande bule de chá gigantesco. O Bule de chá agigantava-se na névoa noturna e suas indagações gritadas ao todo vapor embranqueciam a noite protegida pelo fogo das estrelas. Sua alma atemorizou-se  pois não conhecia a resposta para nenhuma das perguntas lançadas indiscriminadamente pelo quente Bule. Em trilhas perdidas   sua mente se desvanecia  e ele só desejava o fim dos hercúleos ataques contra a própria sapiência.  Então, após algum pequeno intervalo de tempo o Bule de Chá começa a esfriar, e  a água esfria-se a tal ponto, para assombro de seu intelecto ultrapassado, que congela. Curioso ao ver o hiperativo bule decair à tal grau de inatividade, sem apresentar nenhum temor, aproximou-se e olhou pra dentro do seu interior. Foi quando veio uma forte onda de pressão que sugou-lhe para frente empurrando-o em direção ao gelo. Fechou os olhos, esperando o impacto inadiável, mas ao invés de quebrar o pescoço contra a dura face cristalina do gelo penetrou em um plasma negro, viscoso, inodoro. Não via, não ouvia, não sentia. Inúmeras tentativas de mudar o curso do seu destino fracassaram e viu-se aprisionado,  até o fim de seus dias em uma impenetrável escuridão total.

8 de mai. de 2013

De cabeça pra baixo

Acordar as 5 e meia da manhã
O sol deitado
o frio desperto
e eu assustado sem saber
pra que lado correr
Fugindo do terror
Pra beijar o medo
Quem escala montanhas
De cabeça pra baixo
Chega no fundo
Não no topo

5 de mai. de 2013

Espelho Insosso

A poesia é a imagem refletida da vida
e quando a vida perde o tempero
a poesia fica assim
sem sal.

29 de abr. de 2013

Alpendres

A quebra do alpendre
o impacto no chão
e duas verdades a menos
na cabeça do babuíno
Chuva ácida
corroeu a estrutura
deixando-a flácida
derretendo-a como gordura
jogada na fogueira

O medo apoderar-se-á
dos incautos e infelizes
que não notam a má
pura crueldade humana
tal lagartos
vestindo ternos e vestidos

E uma janela
será Quebrada e trincada
Por fortes ventos
vindos de dentro
ela nunca mais
nunca se consertará
e a luz das estrelas
quando quiser;
entrará

Calculadoras quebradas
terra embarrada
cartões vencidos
gramado verde
dinheiro morto
A adrenalina da vida
concentrada em grandes doses
feitas do mesmo concreto
que segurava o alpendre

27 de abr. de 2013

Futura cidade bucólica

Metrópoles construídas com cal
Máscaras azedas dum povo escondido
Sumidos-guardados dentro de casa
com paredes ocas que nem os sonhos
Janelas, Muros, estátuas falsas
Arquitetura do dinheiro conquistando o diabo
Caído do céu fincado na terra
Sob nome de Adão ou de Eva
Comendo o mundo
Que nem um fungo
Parasitando tudo e todos
Extinção e holocausto
De nada adiantarão
O verde estará aqui
Até muito depois de qualquer um
E os prédios pintados de cinza
Há muito terão desabado

22 de abr. de 2013

Inconstância

Trocam de telhado
Assim como trocam de chão
Sustentados
carregados
ao som rotundo
do escuro silêncio,
Habitam males, castigos
avaliado o é
rotulado é claro
falhou sem certeza
do porvir fumegante
a fogueira sem fim
carbonizou o sentido
e suas lágrimas molhadas
caíram sobre as chamas
mas não as apagaram.


21 de abr. de 2013

Domingo

Quando sinto a ingratidão
da felicidade que abandona
Os pobres cegos entediados
Debatendo-se inutilmente em viroses de desânimo
Empilhando grandes palavras
Para explicar o dissabor dos seus dias
O fel entalado na garganta
e a vida parecendo uma grande corrida
em uma esteira elétrica

verbalizar

Pisando
nas próprias pernas
Caminhando
pelo próprio mundo
Observando
todas as outras feras
Mordendo
o próprio terror
Tremendo
Da insensatez
amedrontado pelo esquecimento
E ainda assim
vendeu todo o rancor
para não mais
afogar-se.

16 de abr. de 2013

Fome

Comi larvas no meu sanduíche
caramujos na alface
e as lesmas da salada
porém mas todavia
Não posso concordar
Que me tolhem a liberdade
E que eu viva de mato
Se for pra viver
que nem terno camisa e sapato
tampouco vou sentir saudade
dessa floresta sombria
Fundada, erguida e concretada
la gran prisão que impede
o vulcão de explodir
E até a coisa mais amada
já foi há muito deixada
para os corvos:
Se deliciarem.


22 de mar. de 2013

Então seus pés enraizaram
no duro, empoeirado chão
do próprio quarto
a grande raiz
alastrou-se silenciosa,
devagar
e assegurou
que os fortes ventos vindos do sul
não nos levem mais pro norte

16 de mar. de 2013

Alegre prisão alugada

Na sobrevivência:
de quem tem uma geladeira
e um blues bem azul
na trilha sonora da vida;
um fogão meio sujo
uma mesa com um furo no meio
onde a comida
tem costume de cair
3 cadeiras bambas
e suas pernas tortas
fardo de cerveja vagabunda
carne moída de segunda
a chaleira queimada
um cacho de fruta estragada
o chão cheio de cinzas
queimadas na contra-mão
da alegre prisão alugada.

5 de mar. de 2013

Minguante

No trinido do silêncio
A voz da escuridão grita
um ensurdecedor berro
E quem seu mundo habita
escuta emudecido
o som forte como ferro.

Sente-se ferido
o pobre desavisado
que escuta tal troar
sem estar preparado
para o conhecimento que a noite esconde
Embaixo dos seus olhos de luar

1 de mar. de 2013

Calculei o brilho da lua
não pra achar
A raiz quadrada da luz,
a constante da curvatura lunar
ou a equação da noite
tentava só 
entender

21 de fev. de 2013

E ela veio vestida de cetim

Quando notou não respirava mais
E já não havia mais calor
no seu corpo
Sentiu seus músculos desprenderem-se
vagarosamente de seus ossos
O sangue, antes hiperativo
agora jazia largado em veias inúteis
O pulmão já não tragava
nem o rico oxigênio
nem a generosa fumaça do seu cigarro
Milhares de células
trabalhavam copiosamente pela vida
Agora só tem um destino
Apodrecerem em um duro caixão de madeira
e de todo aquele ser sonhador
Apenas os cabelos ainda crescem.


14 de fev. de 2013

Desapego

Trago luzes ligadas;
Para brilhar pra nós;
Trago caminhos iluminados;
Que transmutam radicalmente.
Trago promessas de alegria,
garantia de gente contente
Só não prometo utopia;
o mais puro remédio dos sonhadores.
Deixem algo na estrada;
Queimem todos seus penhores,
encare os próprios horrores
corte-os com sua espada.
Leve algo importante
que não se possa esquecer
mas
não tenha o medo de perder
lá será intrigante.

31 de jan. de 2013

Panelão
Panelão Dourado
Que nasceu no campo
Sem ser semeado

17 de jan. de 2013

Não leve gaiolas ao sol

E...
subi
Corri pelas escadas
Zás zum zim-zó
Atravessei algumas NUVENS
e ao encontrar o sol
ficou tão quente
tirei minha roupa
corri nu pelo hélio ardente
tentando curtir a paisagem
galguei as labaredas
até ver uma miragem
um belo pássaro azul
nas chamas a cantar
pendurado
sobre o interminável combustível
esperando
apenas uma chance pra voar

5 de jan. de 2013

Alto conhecimento

Embaixo do sol escaldante
Sentia a escuridão infindável
De tudo o que realmente importava
Nada conhecia

E do barro tentou tirar
A explicação de todas as coisas
Terra lama poeira e pó
foi só o que encontrou

Em baixo de pedras
em cima de árvores
em todos os tesouros da terra
só o que havia era a imensidão
de seu próprio mundo