31 de out. de 2013

kaminhos

vento torto em seu peito
deixaram suas tralhas jogadas no deserto
só sobrou uma garrafa de rum
e a roupa do seu corpo

Caminhos escuros de piche
retas amarelas você segue
carruagens mecânicas não passam por aqui
só há pastos e mais pastos
vacas e vazio.

e  você vai colhendo
amarelos pequenos gnomos que encontra
azuis roxos do céu de saturno
chapeleiros da vida
tecem e moldam instintivamente
fios e fios na impura cabeça.

sua solidão explicada
pelo mundo e pelo chão
pelo céu e pela poeira
das estrelas explodidas
e sua vida lhe basta
mas não lhe importa.

Corro pra te alcançar
Estou seguindo o vento norte
Tão dentro de mim  mesmo
Que de mim já esqueci.

30 de out. de 2013

laranja

ó laranja da mesma cor
sublime fruta dos campos frios
revestida da mais pura casca
cujos mais inexperientes tiram pedaços
e os espertos grandes elipses
amarga na boca do rei
docemente macia pra um descalço
seu cheiro espalha-se pelos ares
em grandes nuvens cítricas
depositam-se sobre os bigodes
como um grande beijo roubado
pobres são suas sementes
encaram o mundo já conscientemente
do seu destino palpável e cruel
o abandono em uma terra infértil
presas a um mundo infalível
que não as pertence.

derivas paleolítico

sorrisos sortidos aleatórios
jogados sem pressa pelas avenidas
imagens de um grande mundo
quanto mais um homem caminha
maior é o seu universo

Resquícios de uma civilização antiga
incrustados no espíritos jovens
sentimentos paleolíticos astrais:
se for gastar tempo
gaste-o na esbórnia

Sobrevivendo cada soturno dia
atemporalmente
até me convencer que as últimas horas
não serão as de amanhã!

28 de out. de 2013

miragens introspectivas

miragens na esquina do meu submundo
fiquei em casa o dia inteiro
em um molho denso e profundo
escassos caminhos de sombra
chás gelados e sucos naturais
minha vida faz a arte
quando a vida esmorece
a arte murcha vintém.

Meu castelo foi avistado
uma grande redoma de aço
há um ser trancado ali
escondido com as defesas que criou
sua forte armadura, sua defesa armada
feita pra criar fingida paz
em meio a uma chuva de pedras.
As tempestades desanuviam
Mas os fortes criados para resisti-las
Perpetuam.

14 de out. de 2013

passe-me o isqueiro




















um pedido a todos os seres mitológicos:
uni-vos
não dê a césar o que é de césar
e chore pelo leite derramado
Prometa de novo e não cumpra
E sonhe com o novo sonho
E quando o sonho pesa
delo já terá se livrado.

Coturnos com biqueira de papel
Amortecedores sem óleo
secos e pálidos sob o sol escaldante
escorado num canto, olhar viajante
o vetor sentido 
nunca fez-se tão necessário.

Parado constante
Como a chuva caio
Corro deitado rente ao chão
o raio cintilante ainda não caiu nesse lugar
vou guardando todos esses litros de
combustível
só por essa faísca.


8 de out. de 2013

luz

subam que as estrelas subiram o monte
cheias de uma temível soberba
cientes do poder de seu clarão
estelerizando falsos pobres preceitos
levando o ego voar livre
entre vênus e a lua
circundante alma resguardada de luz
trama teias de incógnitas pagãs
para se perguntar o porquê
Galgue seu próprio morro leve estrela
queime seu próprio combustível
E ilumine o certo caminho
Aquele ainda invisível