24 de jun. de 2014

labaredas

amanheci com o corpo chamas
fogo verde azul e amarelo
bati descontente no meu peito
com medo sonoro de findar-me
sentindo o calor ferver meus olhos
orelhas desfazendo-se em cinzas
meus ossos brancos ficaram vermelhos
escarlate
e minha mente calma e fria
agora flui plasticamente
rios de lava sem mais perguntas
não há mais certeza que estanque
o vento dos meus sonhos
alimenta o fogo desordenado
rolei no chão desesperado
enchentes direcionaram-se a mim
mas perpetua é minha ignição
uma vez em frondosas labaredas
ilumino até a escuridão

8 de jun. de 2014

(chorinho inconsequente)

(chorinho inconsequente)

todos são estrelas
todos são elétrons
quantuns de humanismo torto
indivisível
mas o sorriso separou-me
mim em dois perdidos
dois meio seres
com dois bigodes inteiros
olha
vejo-me fugindo
correndo amarelado, amarrado
em mim mesmo
não fujas agora
vamos conversar
sente-se embaixo do meu chapéu
não se nega um presente
muito menos um abraço
o vento sopra frio,
a pressa em juntar-me
faz-me esquentar
derreter por aqui
e transmutado no rio
fluí junto finalmente
pro mesmo lugar

2 de jun. de 2014

sagrou-se saturno

sagrou-se saturno
em jornada atlântida soturna
sob maios de lua escondida
na densa névoa crepuscular
que ritmava a palpitação
deleitado, com os olhos castanhos
magnífico
suprimia a existência em sublimação
sentindo afáveis cheiros
do sol e da terra em transfusão
brindou ao escuro e á escuridão
e só entre muros de tijolos
desfez-se da luz das estrelas
planou todo seu caminho mas
na primeira montanha nevada
ergueu-se às alturas das nuvens
esgueirando dos falcões
e dos miseráveis fios de luz
famigerado campo elétrico
minando pupilas ensandecidas
findando absoluto ardor.