29 de jul. de 2014

ave eu, eu ave

engrandeço minhas próprias pontas
nos próprios abismos me abraço
procuro no soturno
quadros brancos para enche-los
de tinta oca colorida;
pintando percorri o infinito
a imensidão, 48 milhões
de milhas, anos e cavernas
vi morcegos, sementes e mendigos
e nascendo na rocha dura
um coração sangrento.

dos meus idos não me tenho de volta
pássaros comeram as migalhas
que sobraram de mim no caminho
o tudo e o nada são a mesma coisa?
vazio que é incontável
incontestável:
talvez eu seja o pássaro.

20 de jul. de 2014

olhos nos olhos

translúcida vivalma ossada
algures queiras esgueirar-te
por entre os impróprios grilhões?
sabes por direito que o vento lhe some
conhece por compaixão as
próprias mentiras deslavadas
erguido em tronos dourados
vives embaixo da terra.
Ergue o doce dos teus olhos;
não vim pra esse planeta
pra viver longe da lua.


16 de jul. de 2014

(círculos sincrônicos)

caminhos redondos
sem pontos finais
giros girados
no viro da vida
janelas abertas
já movem moinhos
somam-se dois
resultam em zero;
é só o infinito
visto no horizonte

1 de jul. de 2014

acabaram-se os cigarros
meus olhos claros
cegos
meu nariz torto
escondeu-se
amanhã novamente
vai ser difícil sair da cama,
ainda não comprei
a minha alma