16 de nov. de 2010

Saco cheio

Ele era um cara extremamente saudável. Ele era o supra-sumo do bem-estar, um exemplo para os médicos, para os amigos e para esportistas. Sua obsessão era correr, pedalar, nadar, praticamente tudo o que envolvia esforço físico imedido e incontrolado. Tinha uma alimentação equilibrada, paranóica , tudo tinha que estar em ordem, desde suas vitaminas até o bife grelhado, e apenas grelado, que ele comia. Não gostava de academia, mas tinha musculos grandes e definidos tal como um herói espartano.

Era belo, incomodativamente belo, seus olhos castanhos percorriam tudo com a maior atenção, um olhar cliníco, notava tudo. _ Parece que não deixa passar nada - diziam os amigos mais próximos. Sua vida era perfeita, e ele sabia disto.

Perfeita, extremamente perfeita, era livre, era feliz, era inteligente. Até um dia.

Era um sábado normal, ensolarado, ele estava fazendo seus quilômetros diários de corrida quando começou um estranho comichão. Um estranha coceira em sua virilha, mas especificamente na bolsa que o homem sente mais orgulho de carregar e que nenhuma mulher pode possuir. A bolsa escrotal,. Ele não ligou, afinal, seu cansaço físico incomodava muito mais, já havia corrido 14 km e sua meta era 15km naquele dia.

Chegou em casa, sem maiores problemas, cansado, mas feliz, fechara mais um dia estafante de exercíos dos quais ele tanto se orgulhava. Indo tomar banho despiu-se, olhou ao espelhor e se assustou. Suas bolas tinham inchado. Não era pouco. Estavam como um balão grande, vermelho. Contrastavam assustadoramento com suas coxas.

Aquilo não era normal, estava preocupado, começou a temer por sua tão esmerada saúde. No banho, ele assistiu os pelos que revestiam seu saco caírem, visivelmente estava inchando cada vez mais. Assustado, foi para a cama, nada como uma boa noite de sono, excesso de treinamento podia causar isso, pensava ele, mas nada de errado pode acontecer com alguém tão perfeito.

4 da manhã, incômodo, temor, via no escuro um grande vulto em cima dele. Eram suas bolas. Levantou amedrontado para ligar as luzes. Caiu, as suas bolas estavam tão grandes que tinha dificuldade em caminhar. Ligara a luz e vira sua figura no espelho, Choro, indignação, aquilo não podia estar acontecendo com ele. Com muitas dificuldades chegou ao telefone. _ URGENTE, UMA AMBULANCIA NA RUA DAS DORES NÚMERO 7. _ Qual é a urgencia senhor? _ AS MINHAS BOLAS ESTÃO GIGANTES INCHANDO CADA VEZ MAIS, POR FAVOR, VENHAM LOGO. Bebado infeliz, vá passar trote na puta que pariu, disse a atendente desligando o telefone. Então o desespero tomou conta do espírito do homem, não conseguiria ajuda, ninguem acreditaria na sua historia. E seu saco continuava crescendo, não conseguiria andar, ja´passava da sua barriga e tinha quase 1 metro de diâmetro.

Ele não aguentou mais, e gritou como nenhum homem gritara em toda a história. Seu berro acordou a sua vizinhança e trouxe tristeza e medo nos corações de quem o escutou. E depois do urro veio um estouro. Um forte estampido, como um gigantesco balão estourando. E o silêncio, o silêncio que antecede e sucede as catastrofes humanas, um silêncio mais feroz que o ensurdecedor grito.

Barulho de sirenes, porta sendo arrombada, ambulâncias, polícia. O homem foi encontrado deitado, com o rosto fortemente desfigurado pelo terror e com a sua genitália terrivelmente deformada, havia sangue em todo o quarto que antes era meticulosamente branco. Fora levado ás pressas pro hospital. Os médicos não sabiam o que havia acontecido. Estavam atônitos ao afirmar: O saco desse cara explodiu.

Felizmente, ou não, ele sobreviveu. Mas nunca mais foi o mesmo. Hoje ele trabalha em uma fábrica obedecendo seu patrão. Não tem alegrias, não tem emoções, sua diversão é assistir a novela com a mulher com quem se casou, mas que já deixou de amar. Vai a igreja agora, por pura comodidade, afinal, não acredita mais em si mesmo. Tem um filho, que vive tal qual um vegetal, ligado a aparelhos pelo resto da sua vida. Em um coma irreversível. Não tem coragem de dar descanso ao seu filho por causa de sua fé. Ele era um homem, até que suas bolas explodiram.