25 de nov. de 2012

Rápido

Espetacular
Eram os seus dias
Quando parou de
expectar:
vivia.

12 de nov. de 2012

o f.i.m.

E logo terminou
era o que mais esperava
e
os milhares de planos
feitos
traçados em uma folha de caderno
estão sendo quebrados um-por-um
quando
toda sua vontade acabou de falecer
e o prazo de validade
expirou
ontem à noite
quando eu acabava minha segunda cerveja
e sentia a solidão
forte como nunca
e presente como sempre


30 de out. de 2012

Eu to vivo
Respiro
Transpiro
Admiro
Pobres cadeias de carbono
Tão bem organizadas
Que chegaram a criar um intelecto
Todo ininteligível
Que nem sequer
compreende
O que acontece ao seu redor.

20 de out. de 2012

Estudos

E eu continuo tentando escrever histórias.
Passar todo esse turbilhão de ideias
para que todas as pessoas
lessem
e sentissem
que há alguma razão nessas palavras
mesmo quando escondida pela
falta de senso.
Mas há ainda uma porta
uma grande peneira que
sempre bloqueia
uma ideia
forte
concreta
E seus lindos escritos
cheiram a toscos e brutos
quem sabe um dia a porta se abra
E eu faça algo que realmente valha a pena
ser escrito.

15 de out. de 2012

noite

E no largo sorriso
Seus dentes amarelados ao luar
Quando as estrelas estão sublimes
E a noite está a lhe chamar:
Ó pobre mortal
Escute meu clamor
Verás em minha negra escuridão
O reflexo da sua alma
Só basta que faça
A alegria continuar
Para o sorriso reinar

8 de out. de 2012

A sua pífia imaginação
Tenta sintetizar uma nova realidade
a sociedade sem ação,
só assiste a maldade
E aqueles que demonstram
vontade
nos amedrontam.

impossibilitado
pela insegurança,
vencido pelo cansaço
de sua alma,
quando a calma
vira uma constante,
e a ventania
dura um instante.




28 de set. de 2012

R.i.

Rito do riso
Rio do mar
Ri, quando vi
Ri o amar
Ri a beleza
Ri até
Rir da tristeza
e
Rindo senti
Riso risonho
e quando o medonho
Riu do meu sonho
Gargalhei.


27 de set. de 2012

Viajando

Comprei um grafite HB
e uma lapiseira amarela
Escrevi

Vaguei por mares
Encontrei soluções
Para equações pares
Matei dois leões
Subi colinas
Até fui  pra guerra
das ilhas malvinas
Plantei um coral
Pra rainha da Inglaterra
Vi a aurora boreal
E o espetáculo mais lindo da terra

Mas quando fui descer a ribanceira
Vestido com o mais belo terno
a borracha esfregou o caderno
Me vi sentado numa cadeira

21 de set. de 2012

Tragédia cumulativa

Toda a água da nossa garrafa
Escoou para fora
Tal como o sangue 
De um homem que trabalha no mangue
Catando caranguejos em meio a lama
Só pensando em ir pra cama
Com a sua vizinha
A velha Terezinha
Viúva já 3 vezes
E que mandou seu último marido
Ficar no hospício 100 meses
Dado como louco foi o homem
E agora em indigna prisão
Falam até em tortura
Uns dizem que é doença
Que nem existe cura
Outros dizem que é pura loucura
Mas todos eles não sabem
Que sua verdadeira tortura
É que sofre de paixão
Numa grande ilusão.

Vontade

Os gritos se propagam
Através das paredes ocas
Ninguém mais escuta
Ninguém nunca ouviu nada

Todos os gritos estão trancados
Em uma jaula reforçada
Por uma fechadura de vidro
Que só é violada
Quando um mundo é destruído.


Antes do nascer do sol

Sustento-me
Enquanto a chuva cai lá fora
Os trovões estouram agora
E eu não posso ir embora

Corro
Procurando alguma inteligência
Tentando fugir da demência
Buscando sapiência
Encarando a decadência

Voo
Quando a mente se liberta
E o mundo se oferta
Como uma flor aberta
E tudo é descoberta

Cresço
Levanto e apareço
Pois o melhor começo
É depois do tropeço.

19 de set. de 2012

Traças

E deitado
Espero a chuva passar
Antes mesmo de sua chegada
Não escutas os pássaros
Há traças
Corroendo lentamente
Tudo o que importa

Sempre há uma luz distante
Avisando-te
Da companhia de todos eles
Flertam contigo
Rodeiam-te
Colocam traças no teu quarto

Mas você já se deitou
Não conseguiu ouvir
Nem mesmo a si mesmo
Seguiu-os a esmo
E mesmo sentido as traças
Andando sobre seus olhos
Não tem coragem de levantar




3 de set. de 2012

Mentira

Conte-me uma mentira
Uma mentira que não me faça sorrir
Uma mentira que mude todos os planos
Que desfaça todo o combinado
Quebre o planejado
Talvez até destrua
Um sonho

Apenas conte-me
Algo pra eu me preocupar
Pra se desesperar
Pra quem sabe
Eu até chorar
Conte-me algo que
Escureça minha visão
Me desanime
Faça toda a vontade do meu corpo
Evaporar

Esmigalhe uma certeza
Exploda toda ilusão
Imploda meu mundo
Corte toda sua beleza
E no fim apenas diga
É mentira.



30 de ago. de 2012

O grito

O sol vislumbrou seu grito desesperado
O mesmo sol que esquentava a careca do seu vizinho
Seu grito repetiu-se
Mas continuava mais baixo
Que o barulho de motor dos carros
Pois ainda não eram elétricos

Poderia gritar mais alto
Alguém certamente lhe escutaria
Contudo teve uma ideia melhor
Sussurrou.

28 de ago. de 2012

Dadaísmo?

Apoplexia generalizada
Certamente opcionam
Acontecimentos desintrometidos
Pessoas interessantes
Mostram suas garras não-maternais
Suas mães já não mais lhe carregam
São compelidas pelo desespero
E assim tentam ser tornar
melhores

Embriaguez desumanamente humana
O sono vem e alegra
Tira a vontade de dormir
Encarece o preço da vida
Barateia seu sentido

Sua memória escarnece
Recordações esquecidas
Lembra-se
Agora
Já não é mais o mesmo
Que foi a 5 minutos

Assusta-se
Tão facilmente
Recorre à todos os sentidos
Para nortear somente um
Respire.

26 de ago. de 2012

Sentado

Sentado, encarando seu próprio tédio dia após dia. Sentado, em frente a mesma mesa de madeira, esperando algo lhe comover suficientemente para levantar. Sentado, é assim que passa a vida. Costumava caminhar, correr, pular, sentir, mas um dia ele resolveu sentar e essa foi a pior decisão de sua vida. A primeira vez que sentou, fora  um alívio, sentar desalojou o peso imenso que pensava carregar nos ombros. Porém começou a sentar cada vez mais, inconscientemente. Sentou quando lhe disseram que ele não conseguiria, para se lamentar, sentou quando não conseguiu, para se lamentar, sentou quando pensou nos inúmeros boicotes que ele mesmo se pregava, para se lamentar, sentado estava quando pensou em como seria bom caminhar, sentado ficou quando fora obrigado a levantar. A cada dia que passa, se esquece de como era viver a vida de outra forma, já se conformou que nunca vivera assim, suas lembranças mais marcantes são as que está sentado, ou as fúteis tentativas de se equilibrar de pé. Ainda sim, sonha com o momento em que se levanta, sonha com a possibilidade de não estar preso a esse carcere mental, sonha com a ideia de quebrar essa cadeira, mas para isso precisará desistir de sentar para sempre, e isso não lhe parece possível, pois precisa se tornar outra pessoa para levantar.

25 de ago. de 2012

Di-va-gando

Alcoolicamente
álcool
Alocando o cérebro em sua posição
                                          [allegro
Aloprando com as células nervosas
Alimentando o destemor
Aliviando o horror
Em suas colocações honrosas
Na liberdade da sua língua
No olhar turvo da liberdade
Paixões e saudade
Comemoro a fermentação
A destilação
Comemoro também
Se tudo passar como um tufão
Se correr com o relógio
Se parar para sempre
Ainda assim teremos aproveitado
É a droga de Deus
É a alegria dos comedidos
É a festa dos reacionários
A cantoria dos mudos
A violência dos mansos
Espera tudo
Fique comigo
Faça-me feliz
Sem se importar com o amanhã

21 de ago. de 2012

Posição

Colocaram arroz no meu espaguete
Azeite no meu óleo
Sempre teremos foguetes
E(s)pocando
E(s)tourando
E(x)plodindo
Mesmo que o mesmo 
Continue o mesmo
E o incerto
Se torne duvidoso
Mas
Sempre olharemos pras mesmas estrelas 
Porém
Elas mudam constantemente de posição
Qui-çá
Seja isso que as torne divertidas




19 de ago. de 2012

Visão

Maltratei minha visão embaçada
Aniquilei essa cegueira absurda
Corrigi o olhar dos meus olhos
E vi

Vi pássaros e flores
Vi flores e mais pássaros
Vi árvores centenárias 
Cravando suas raízes profundamente
Vi o fervor, a alegria, a compaixão
Vi a tristeza, o terror, o tédio
Vi o amor
E ele estava em todos os lugares
Fechei os olhos
Entrei fundo na minha mente
E quando reabri os olhos
Vi tudo novamente.

12 de ago. de 2012

Abnegado

Ab-negado
Abnegação
Abnegador
Abdomens
da Abdução
Abraços
Beijos
Para todos.

10 de ago. de 2012

Carta de amor


Seu olhar descarava essa brisa e imaculava nossa mente

Ludibriava os seres que sonhavam longamente com a felicidade momentânea de seu paladar

Suas vestes verdes desse mundo infantil são coroadas de branco pelos apreciadores do seu martírio

Que ateando fogo em seu corpo, rebelam-se contra a opressão dos muros interiores, destruindo a armadura infernal do desgosto

Sonhos revestidos de toques de trombeta angelicais, luas interessantíssimas e pausas para o fogo

Seu beijo nos faz rejuvenescer e ficar na paz, em sintonia com gaia

Irremediavelmente será parte de nossas vidas, ó amada.

7 de ago. de 2012

E assim galgamos as pontes
Subimos os montes
Partimos até o norte
Procurarmos a sorte

Encontramos uma passagem
Enrolada em mais pura magia
Escolhemos a viagem
Nada mais havia

Corremos pelas ruas desertas
Com uma arma na mão
Portas não foram abertas
Mas sem nenhuma razão

A Lua se mostrou
Com suas criaturas, dragões
Até a passagem se fechou
E nunca mais retornou.
 



6 de ago. de 2012

Amanhã teremos a noção dos sorrisos sorridos hoje

Seus dentes mostram-se temivelmente roxos na noite de sábado, seu rosto assumiu a posição de alegria interessante, uma doença viral rara que contraiu. E estava sempre feliz, graças a esse adorável vírus que corria pela suas entranhas. Não era diferente quando solidarizava com o mais belo e um dos mais antigos cultos da humanidade: O culto ao deus Baco. Mas isso era apenas uma distração, afinal, como a pessoa mais feliz do mundo, ele não tinha grandes problemas. Excetuando aqueles delicados momentos em que ele se esquecia de sua doença. Aí então seu rosto se contraía em seriedade e sua mente enegrecia com pesadelos inimagináveis para qualquer outra pessoa. Ele está pra sempre fadado pra felicidade e sabe disso, só não consegue entender como isso pode o deixar triste.
A tristeza feliz
A tristeza triste
A tristeza alegre
A tristeza.

Assassinada periodicamente pelo nosso punhal de alegria momentânea.

30 de jul. de 2012

Nada para ser declarado, Tudo a ser declamado

E nosso coração batia descompassadamente
E linhas se escreviam
Tornados passam pela nossa mente
Nos fazem voar, nos aliviam

Coelhos passaram por nós
Fazendo acreditar em magia
Não utilizamos mais nossa voz
Nem sentimos aquela nostalgia

Pois o que importa é o hoje
O agora, o momento exato pra alegria
Foguetes espocam no ar
E nos versos da poesia

8 de jul. de 2012

E inutilmente eles se serviram suavemente com a melancolia. Acreditaram que essa seria a melhor opção para suavizar a sensação de felicidade que estavam sentindo. Afinal, a tristeza é um caminho mais afável, pois nela não existe a chance de infortúnios decepcionantes, apenas uma apatia generalizada que preenche a existência sordidamente.

19 de mai. de 2012

Amanhã tem Alcaparras

A noite ressoa no Jazz cabisbaixo. Seus amigos não se encontram mais aqui, afinal que amigos que tinha até então? Ninguém entra no seu quarto há tempos. A solidão torna-se pior quando ele nota que a cerveja está quente. Um pária no meio da sociedade, um marginalizado de classe média, vivendo depois de ter esquecido de quem era. Ambição que tinha já perdeu,  sonhos que tinha já foram queimados, esperanças caíram no esquecimento. Um dia tivera grandes ideias, hoje nota que não passavam da mais pura ilusão de uma criança que não conhecia o mundo. O mundo em que ele não se adaptara. Mas amanhã fará um almoço delicioso com alcaparras.

24 de fev. de 2012

O espelho refletia a barba mal-feita, abri a boca e vi meus dentes amarelados. Nada a fazer, saí para a rua com o sol já forte no céu, andei 3 quadras, cheguei á praça e me sentei num banco azul, do lado do lixeiro amarelo. Os pássaros voavam naturalmente no céu, os carros passavam naturalmente pela rua, as pessoas passavam naturalmente pela vida. Mas nada parecia se encaixar. Levantei e caminhei por caminhos já caminhados, olhei árvores já vistas, cheirei odores já sentidos. Peguei o caminho pra casa, uma hora depois estava na frente do espelho, fiz a barba, mas meus dentes continuavam amarelados.