19 de set. de 2013

utopia selvagem baseada no nada

resolvido pensar sobre nada
apenas preencher o vazio
com um profundo zero ainda maior
deixar a mente abafada
constante como um grande rio
chamar os amigos pra assistir
a inexistência de algo
mostrar:
olha, olha só, não estou mais pensando em nada
vejam o vazio da minha cabeça
todos se abismarão, assustados
e o nada fará adeptos
poderosos filtros se instalarão
coando a parafernalha informativa
os letreiros coloridos
as propagandas chamativas
e aprenderemos a ler
as árvores, a grama o rio
numa recordação bucólica ancestral
recordando-se
que aprende-se mais num longo diálogo
com um ancestral carvalho
do que uma escarrada verbal
com um raquítico sapiens.

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