hoje acordei sonoramente confuso com o que pensar. Ao abrir os olhos pela manhã foi diferente. Ao invés dos impulsos momentâneos naturais, comer, beber grandes quantidades de cafeina, espancar o cachorro, cuspir pela janela, me veio uma opção em mente. Como se minha cabeça se separasse em caixas selecionáveis, com condições não-arbitrárias e não estáveis. Primeira questão que me deparei era como entender algo que nunca havia vivenciado dentro de mim antes, como explicar isso então está fora de cogitação no momento atual deste escrito. Contido e retesado, deitado e esparramado, comecei a inferir sobre o que estava se passando no desconhecido do si. Era como, era como se eu pudesse escolher o que pensar. Simplesmente isso? Como explicar o livre arbitro da propria cabeça, numa descoberta inédita em uma condição fora da CNTP. Escolher o que pensar, de forma livre. A manhã se faria como minha cabeça intuisse, como minha decisão moratória e seletiva apontasse. O pensamento como escolha e não como automação. Escolher pensar, escolher de forma livre. Estranhei, deixei minha cabeça vagar livre para ver se ela tomava o caminho natural do contexto histórico do eu... café, trabalho, cão, céu azul, meteorologia. Que nada, era como se, estagnada, fosse disponível apenas para a escolha. Tá, perfeito, mas escolher o pensamento, como? Quem iria escolher esse pensamento, ora bolas, é claro que sou eu, mas o eu que conheço saberia o que fazer, escovar os dentes, trabalhar, abrir o instagram, fritar ovo. Obvio mas dessa vez as coisas só aconteceriam sob a livre escolha e consciente selecionamento de vida. Pronto, agora eu poderia escolher o que aconteceria na minha manhã ao escolher meus pensamentos? Como funcionaria tudo isso? Entre vestir e não vestir uma cueca de cor amarela teria um processo decisório? Óbvio, como podemos ver, que a minha primeira escolha foi refletir sobre a minha provavel escolha. Meta-pensamento? A escolha do pensar soibre o que pensar? Confuso, confuso e estridente, mas eu estava livre? Finalmente livre para pensar o que escolhesse. Ok, escolhi aceitar essa realidade e passar a fita pelas escolhas, mas algo me pegou pela rabeira do tendão de aquiles, o calcanha, o ultimo suspiro da ilíada também era o que me travou. O calcanhar. Se eu pudesse escolher o que pensar eu escolheria a partir de pensamento pré-automatizados que ja vivenciei? Então minha escolha, antes uma miragem de liberdade seria apenas um espelho pálido do que já vivenciei? Os pensamentos que escolheria seriam apenas os pensamentos que saberia que existem nessa prateleira da mente pensante? Pronto, mas e a minha liberdade de escolha? Até ela está condicionada. Entrementes, isso não é possível, onde estaria meu livre arbitro? onde estaria o único dom divino real dado por deus o todo poderoso criador dos céus e da terra? Se eu pudesse escolher qualquer pensamento eu vou escolher pensar algo que nunca pensei antes! Pronto, deopis de tantas interrogaçãoes aparentemente temos um ponto de exclamação. É uma decisão, claudicante e que ja se inicia extenuada. Escolhi pensar algo que nunca dantes fora pensado por mim. E ver no que ia dar. Vamos, lá, me preparei todo dentro do meu proprío corpo, este sim, forjado e carregado por todo o passado que selecionei e este sim, indelével e sem escape, pois nessa manhã não poderia escolher outro corpo, só outros pensamentos. E assim cai na primeira armadrilha armada pela própria liberdade que escolhi. Acordando e pensando que poderia pensar qualquer coisa, apenas o que pensei que o pensamento que viria era apenas um eco dos pensamentos que pensava todos esses dias? E buscar pensar novos pensamentos é apenas uma grande pantomínia considerando que para desova-los como novos pensamentos deveria eu fazer um comparativo com todos os outros pensamentos que já poderia ter existido dentro desse pensante? E mesmo novos, como saberia eu que não é apenas uma referência entregue por um subconsciente que já estava preparando essa informação para subir no iceberg da mente? Ó laborioso existir, ó generosa liberdade, tão desafiadora a extensão do proprio ser buscando se desvincilhar das amarras do si. Pois ao descobrir que meu pensar era livre, descobri também que talvez não seja tão livre assim, amarrado e condicionado. Trementes, formigas operárias, prestem atenção no ditado do seu mestre, seu mestre é o programa que se instala em seu âmago, como vais pensar algo novo se nada de novo pode sair do reflexo da sua mente, um novelo do seu proprio passado???? Inacreditavel essa informação, pois podemos todos observar que meu primeiro pensamento foi me pegar confuso pensando sobre a origem dos meus pensamentos ao tentar gerir um ovo de cabra, sendo uma galinha? A liberdade ao inves de me expandir, estava a me amarrar a uma verdade indiscutivelmente, indigeste. Pois se seria inviável pensar algo novo, quem estaria realmente do comando do pensamento? Obviamente, eu, o meu proprio passado, formado e lapidado por todos os morros, os sois, as gripes, os trabalhos, as flexões, as lagrimas e risos, gargalhadas, sentadas na beira do rio e na beira do vaso, cusparadas no chão, perdidas de fôlego, falas sobre como estará a chuva amanhã será que será que será de quantos milimetros? 15 ou 20? Quantos tijolos vai nessa parede? Quantas chaves tem a porta do meu coração? Ó pensamento livre, quem sou eu que penso, e ao pensar novo não sei exatamente quão velho é minha novidade?
Pronto, nada de novo no front, chegamos a conclusão sobre todos os meus pensamentos observados. Observados, observados, este fluxo de consciência textual está ficando confuso, como assim pensamento observado, então essa liberdade que está sendo trazida por um novo presente de charles junior, o anjo, que julgava ser a opção de pensar livre, é observar o pensamento? Pois ele será apenas um reflexo do que ja foi pensado? Estou repetindo, repetindo como se erguesse e abaixasse um supino pesado. A real liberdade não está em escolher, amarrando os demais pensamentos, mas ter a capacidade de observar o pensamento que se cria através do eu. ok
ok
ok
Mas
Se o que formei de mim está contido em meus pensamentos, quem sou o que observa o pensamento? Onde está a fronteira da liberdade do pensar com a liberdade de visualizar o que se pensa? O seletor dos pensamentos, o julgador, o observador dos pensamentos, ah sim. Cheguei na resposta? Onde está a fronteira entre o observador e a coisa observada?