11 de nov. de 2025

flores brancas da morte

Este texto será escrito em 20 minutos:
Seu espirito estava combalido. Após um dia constante de movimentos, grandes escaladas, discursos acachapantes, ele sentou e resolveu colher flores: flores para um ser que ele achava que existia junto a si, mas que precisava testar. Sua perspctiva é que estava colhendo flores para uma criatura viva, mas morta. Morta mas que já não respirava. Não que ela não respirasse e estava realmente morta, mas para a realidade que estava imaginando criar, ela já estava enterrada. As flores eram brancas, vivas, viváceas e cheirosas. Mas como poderia ele acertar na escolha das flores para um ser morto? Teria alguma diferença entre carregar flores e não carregar? haja vista que aparentemente, o presente nascera passado. A indiferença da respiração contrastava com o olhar certeiro que a criatura entregava ao receber as flores, vivas, mas que ao serem arrancadas, já estavam mortas. A criatura ou as flores? Antes de colher as flores, refleti sobre a constância da vida das mesmas, elas seriam entregues para uma pessoa viva ou para uma pessoa morta? Ela seria entregue para uma resposta e para uma pergunta ou para uma afirmação de cabeça? Ela seria para um cadáver ou para uma vivaz e sorridente criatura. Não sendo repetitivo, a criatura estava viva, permanecia viva, com sua respiração ritimada, seus exercicios, sua realidade intacta, cujo eu, buscava atingir com as flores e a presença, torta, suada, pestilenta e espinhenta que carregava flores. Estas flores, foram colhidas com sorrisos, entregues com ansiosidade, recebidas com animosidade. por uma criatura viva ou uma criatura morta? Fez-se a questão, ao serem entregues, as flores estavam com as mesmas cores da criatura, um retrato pálido e branco acertado, a lua também estava lá, palida, sem nebulosidades lhe atravessando as vistas. Diferente do meu olhar para a criatura, ou do olhar da criatura para mim, o coletor e carregador  das flores brancas. As flores levaram a uma conversa, intensa, movimentada, informações trocadas sobre a vida da superfície. Assim como pequenos crustáceos, que parecem aranhas, que vivem sobre a superficie da água, tocando suas delgadas patas ee não quebrando a tensão superficial da água, assim foi a conversa pós flores. Rastejando sutilmente sobre a superfície, molhando as pontas dos dedos e nada mais, assim foram as conversas sobre as flores. Se dedicassem a falar do acaso das flores estarem mortas ou vivas, talvez fosse mais produtivo. Mas não era pra ser produtivo, era apenas para serem flores. Flores que pairam na dúvida, os seres que confabulavam estavam realmente vivos? Presentes no olhar ou fugazes, buscando na vida a fuga da morte. pois o presente não vivido é apenas um dedilhar da morte, sejam das flores ou sejam dos vivos. A criatura parecia viva, mas trabalhava com a morte: qualidade. Era o que a criatura cuidava, qualidade da morte. A criatura que recebeu as flores, sabia mais do que ninguém se as flores estavam vivas ou estavam mortas, se o entregador das flores estava viva ou já surgiu morto, e se a vida que lhe deparava na frente era uma vida de vida ou era só um resquício pálido do brilho de seu próprio cadaver. Já as duvidas de quem realmente arrancou a vida das flores eram todas, não sabia se estava vivo, se a criatura estava viva para si e se as flores estavam vivas para os dois. Ó dúvida, talvez o destino tenha sido diretamente a morte, nem água nem brilho, nem iluminou nada. As flores foram arrancadas e entregues em algo que nasceu vivo, mas que o brilho de um silêncio e um desprezo pela vida, simbolizaram que estava realmente morto. A repetição da vida e da morte, em que a serpente se alimenta da propria cauda, numa busca por si, na busca pela vida a serpente investe e encontra a morte, pois a vida é o próprio movimento da serpente, que ao colher flores para criar vida, encontra morte, num ciclo morimbundo. A palidez do encontro, sutil sob as águas da vida e da morte, encontra a efermeridade de um espelho escuro, onde tremem mensagens confusas e tentativas de vida, que sob um olhar, que tenta impavidamente manter a vida das flores, nem nota que ao arranca-las, acabou de decretar a sua morte. E contentes devem ficar ao ver, que existem flores que devem ser arrancadas, pois sua seiva consome demais a evolução de toda a planta, não está na hora de florescer, está na hora de vicejar. As flores brancas foram arrancadas e ali encontraram a vida, e ao serem compartilhadas, foram testemunhas e criação de uma conversa de mortos. Entremeados no proprio ser, engolfados pela superfície. Estão vivos, mas o que existe é a morte, seus corpos e corações não baterão uma vida.
Escrevo isso, e termino com uma esperança, as flores são arrancadas para dar folga às raízes. A vida é esperança, e o que se chama de morto é apenas: descanso

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