9 de out. de 2011

Um cara que fumava e corria, era assim que eu me denominava. Fumava e ia correr, uma carteira e alguns minutos de pique. Eu não tinha nada pra fazer mesmo, daí eu só fazia isso. Correr e fumar, era simples. É claro que não fumava enquanto corria, nunca fui um diferencial em algo, sempre comum comparado à esse mundo, daí eu fumava, parado, e depois ia correr, ou vice-versa. As pessoas sempre se perguntavam quem eu era, sempre correndo ou fumando, nunca fazendo nada diferente. A cidade não era pequena, mas não era grande, e nesse tipo de cidade grande o suficiente pra não acontecer que nem naqueles vilarejos onde todo mundo se conhece, e não tão grande o suficiente pra ser caótica e superpovoada. A cidade ideal pra mim que só pensava, em correr e fumar. Bem, pensar não era a palavra certa, afinal eu não pensava muito, eu só corria e fumava.
Morava numa pensãozinha, modesta, pobre, barata, mas que oferecia refeições e um quarto próprio, e ninguém queria saber muito de mim lá, era só eu pagar em dia que eu ficaria em paz correndo e fumando.
Pagava os meus cigarros e minha pensão, fazendo bicos. Simples, não sei como me virava com esses bicos, que iam desde entregar panfletos até cortar capim pra uns caras estranhos que colocavam em uns cigarros que eles vendiam nas bocas de fumo. Vendo hoje não sei como conseguia sobreviver, mas também, vendo hoje já não poderia falar que eu só corria e fumava, já que eu trabalhava, mesmo que só pra subsistência da minha corrida e meu cigarro.
Talvez por essa história estar sendo contada como se fosse no passado, ela já tenho acontecido e esse tempo já tivesse passado.
Mas ainda também, ela seja como somos hoje, uma história sem sentido, que não tem pé nem cabeça e não apresenta nenhuma capacidade aparente de desenvolvimento, sem futuro nenhum.

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