29 de jul. de 2014

ave eu, eu ave

engrandeço minhas próprias pontas
nos próprios abismos me abraço
procuro no soturno
quadros brancos para enche-los
de tinta oca colorida;
pintando percorri o infinito
a imensidão, 48 milhões
de milhas, anos e cavernas
vi morcegos, sementes e mendigos
e nascendo na rocha dura
um coração sangrento.

dos meus idos não me tenho de volta
pássaros comeram as migalhas
que sobraram de mim no caminho
o tudo e o nada são a mesma coisa?
vazio que é incontável
incontestável:
talvez eu seja o pássaro.

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